Se você gosta do que escrevo, este é um dia muito importante
A campanha da 2ª edição de VERDE GÁS começou. E mais: Godzilla Minus One; Sem Coração; Billie Eilish e Jon Foreman.
Em números modestos (se é para falar sobre eles), trato Verde gás como um projeto pessoal bem-sucedido. Consegui terminar um livro de ficção em 5 anos, publiquei por meio de uma editora independente, garanti que circulasse entre livrarias, criadores de conteúdo de todo país e até em clubes de leitura. E assim, as 300 cópias da 1ª edição foram embora. Hoje, restam apenas menos de 10 exemplares entre 4 livrarias locais e outros 10 que preciso manter comigo por compromissos paralelos.
Acontece que por uma soma de fatores nessa jornada feliz, tomei a decisão difícil de partir para um formato independente. Desde fevereiro venho planejando, com meu afeto típico pelo marketing editorial, como lançar esta segunda edição. Precisava ser incrível. Desde aquela época eu sabia que o livro esgotaria nos próximos meses, então para estar nos próximos eventos e fazer o livro seguir firme, era necessário agir logo.
Então, chegamos no hoje. Neste 11 de junho de 2024, lancei no Catarse a campanha da 2ª edição (especial e independente) de Verde gás. Novo projeto gráfico, novos conteúdos extras, incluindo até mesmo uma experiência RPG em parceria com dois amigos que desenvolveram um método próprio. Tenho muito orgulho do resultado visual e editorial do que estamos anunciando hoje. Por isso, conto com você. Seu apoio é essencial. Se você não garantiu o seu exemplar até agora, essa é a hora. Se você garantiu e gostaria de presentear alguém, este é um ótimo momento. Se você já tem uma cópia, mas curte itens colecionáveis, esta edição é para você. Por fim, se você garantiu, mas não pode ou não cogita gastar mais com a obra, seu compartilhamento é muito bem-vindo. Conto com você.
Assisti a dois filmes que entraram recentemente no catálogo da Netflix e, diante de todas as suas grandes diferenças, acabei por encontrar semelhanças.
Godzilla Minus One, obra japonesa vencedora do Oscar de Melhores Efeitos Visuais em 2024, me atraiu pelo hype. A empolgação pareceu com aquela que me fez assistir o ótimo O Hospedeiro, do hoje oscarizado Bong Joon-Ho (Parasita). Um filme de monstro com a apresentação inteligente de seus assuntos políticos. E é o caso aqui: ao invés de trazer o monstro misterioso invadindo um Japão contemporâneo como metáfora da 2ª Guerra Mundial, o filme do diretor Takashi Yamazaki o coloca como parte intrínseca do evento e seu crescimento como a ferida aberta que permaneceu no Japão. Yamazaki, entretanto, também escreve a história que dirige e nos leva a uma espécie de coming of age sobre covardia e coragem. Shikishima, o protagonista, é um kamikaze covarde, que sobreviveu graças à sua incompetência em seguir o programa maluco do exército japonês. Seu ímpeto em tentar destruir o monstro é um anseio por redenção e a compreensão de que “sua guerra ainda não acabou”. Para nós, claro, tudo fala massacre atômico sofrido pelo Japão “finalizando” a guerra em 1945, mas também sobre essas pequenas buscas por salvação sacrificial sem mediadores.
Já em Sem Coração, de Nanda Normande e Tião, também há um monstro, mas ele já está morto. No dia a dia “veraneando” no litoral de Alagoas da adolescente Tamara, acontece um pouco de tudo em meio ao nada. Ela, uma menina de família de classe média que vive ali, anda com o irmão e amigos das redondezas, que não têm as mesmas condições que ela. Juntos, ficam intrigados com uma jovem apelidada de Sem Coração. Dizem ser chamada assim por terem arrancado seu coração em uma cirurgia. Acompanhamos um pouco da rotina de Sem Coração em paralelo: jovem pescadora e órfã de mãe, gasta seus dias vendendo a pesca do pai e tentando pegar algo em mergulhos demorados, como se tivesse um fôlego especial. A vida de Tamara e Sem Coração se cruza mais diretamente por meio de uma baleia. Uma cachalote aparece morta na praia de Guaxuma, onde a história se passa. As duas tocam no animal e compartilham que ambas tinham sonhado com o bicho. Tratando sobre a descoberta dos desejos sexuais na adolescência em 1996, o filme estabelece também um outro parâmetro. Sem Coração também é sobre um Brasil encalhado na praia economicamente e moralmente após o governo Collor e o fim ainda recente da ditadura militar (mencionada sutilmente em um anel que é encontrado). Diferente do Godzilla, a baleia não precisa ser morta porque já está. Mas suas toneladas de apodrecimento à beira-mar (homofobia e luta de classes em especial) também precisam ser resolvidas.
Billie Eilish não está quebrando a banca novamente, mas seu HIT ME HARD AND SOFT é mais uma pedrada musical no pop contemporâneo, tão pouco inventivo. Mesmo repetindo seus temas existenciais e afetivos de sempre, Eilish e seu irmão Finneas agora investem naquilo que pode transformar a próxima turnê: este é um álbum “de banda”. Tem mais instrumentos reais sendo tocados, dando uma sonoridade menos sintética (o que para eles, soa quase experimental). Assim, canções como BIRDS OF A FEATHER poderiam facilmente ser um single do HAIM e outras como THE GREATEST mantêm a intensidade de balada-rock que fez tanto sucesso com Happier Than Ever.
Quem também lançou um belo disco foi o senhor Jon Foreman, vocalista do Switchfoot. Não é novidade nenhuma a consistência de qualidade da sua carreira solo, mas aqui o cantor e compositor voltou ao clima perfeito dos seus primeiros discos. In Bloom é um álbum imperdível para quem gosta de algo que parece uma mistura de Sufjan Stevens com Jack Johnson.
Abraços,
Ricardo Oliveira
sucesso na campanha!!