Compiladão retardatário: um não tão grande top 7 aleatório para sua semana
Dicas cinéfilas, musicais e mais: ÚLTIMAS HORAS da campanha de Verde Gás.
Nos filmes
Já estou me acostumando à realidade de ser um cinéfilo de 2ª viagem. Cinema virou uma atividade difícil para mim, então perco lançamentos com certa facilidade — vocês já sabem. Aqui, portanto, alguns comentários sobre os últimos filmes que vi, sendo alguns deles lançamentos recentes.
1. Guerra Civil, de Alex Garland (atualmente, disponível apenas para aluguel digital): o que lhe falta em construção de personagem, sobra em clima na representação desse futuro distópico. O filme nos escolhe apresentar essa guerra americana por dentro, sem pausas para explicações em voz off ou pela imprensa. Sabemos o que é tudo isso pelas cicatrizes dos personagens. Essa é a parte positiva da construção individual (especialmente nas personagens de Kirsten Dunst e Stephen Henderson), mas o tempero que o filme não entrega (especialmente para o Joe de Wagner Moura, que parece deslocado enquanto jornalista mesmo) é recompensado pela grandiosidade de sua sequência final.
2. Furiosa: Uma Saga Mad Max, de George Miller (idem): é absurdo como Miller é um diretor que consegue fazer imagens de ação que ninguém faz hoje em dia. Nem mesmo Stahelski, da saga John Wick, faz o que o veterano faz. Miller esbanja liberdade com a câmera, valorizando o que há de melhor em efeitos práticos, sempre com um sentido muito particular. Faz isso tão bem que até mesmos pequenos flops de roteiro e a insuportável atuação do menino Thor tornam-se aceitáveis. Aqui ele consegue repetir a façanha de desenvolvimento de mundo (a Wasteland sempre tem algo novo a nos oferecer), enquanto desenvolve a personagem que redefiniu sua saga em Estrada da Fúria. Imperdível.
3. São Paulo Sociedade Anônima, Luiz Sérgio Person (Netflix): Na comemoração do dia do Cinema Brasileiro, a Netflix se redimiu minimamente diante da sua jornada de quase total desprezo ao cinema. Lançou em seu catálogo obras como Vidas Secas, Terra Estrangeira e o belo São Paulo S/A, que era um “débito" meu. Não estamos quites, Netflix, sua conta é grande. O filme de Person visto em Full HD é uma experiência e tanto. Digo isso porque muitos dos clássicos nacionais que tive contato pela primeira vez, vinte anos atrás, vi em VHS ou em DVDs vagabundos. É a história de Carlos, um trabalhador de classe média vivendo o crescimento da indústria automobilística brasileira nos anos 50 e 60, mas que também é um mulherengo desprendido de interesse nos afetos, num clima meio O Estrangeiro. A coisa começa propositalmente confusa, brincando com diferentes tempos e mulheres, conflitos, até que vai ganhando forma e entrando no que é essencial ao filme: o mal-estar de Carlos é maior que seu desejo de “ser alguma coisa”.
Já na jukebox…
4. Tô adorando ouvir o Amor Delírio, novo álbum da Papisa, heterônimo da cantora Rita Oliva. Ótimo para quem gosta desses rocks abrasileirados e experimentais paulistas como Rômulo Fróes, Tulipa Ruiz e O Terno.
5. Também gostei de algumas canções do último do Benny Sings, do novo da jovem Clairo, e da minha recém-descoberta nacional YVSON.
Nas interwebs
6. Entre as várias novas apostas de programação do canal do Porta dos Fundos, para além das esquetes, nada é tão interessante como a paródia Vrau Cast. É um “mesacast” satirizando a completa tosquice do sem fim de podcasters nacional (um salve para o grande rebelde anarcocapitalista Monark). Fazia tempo que eu não passava mal de rir como neste episódio com o Clóvis Barros Filho.
7. Hoje, 22, é o último dia para participar da campanha de financiamento coletivo de Verde Gás - 2ª Edição. O livro já está pronto e ficou uma maravilha. Você pode apoiar esta segunda fase simbolicamente com qualquer valor ou garantindo uma das recompensas disponíveis. Só até a meia-noite.
É isso? É isso.
Abraços,
Ricardo Oliveira